Evento ocorreu nesta quinta e sexta-feira em São Leopoldo, com a participação de coordenadores e lideranças de 35 escolas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná
“Produtivo e instigador, que nos traz inquietações a partir das temáticas propostas; num formato e estrutura diferenciados, com muitas possibilidades de interação, indo ao encontro de um dos objetivos do Planejamento Estratégico da Rede Sinodal de Educação, que é o benchmarking.” Essa é a avaliação do diretor executivo da RSE, Jonas Rückert, quanto à primeira edição da Formação Executiva da Rede Sinodal de Educação, realizada nesta quinta e sexta-feira, dias 21 e 22 de março, em São Leopoldo. Tendo por local o Centro de Espiritualidade Cristo Rei (Cecrei), o evento reuniu em torno de 110 profissionais de escolas da RSE, entre coordenadores e lideranças administrativas, representando 35 educandários do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná.
Entre os assuntos abordados estiveram estratégia empresarial, finanças, marketing, gestão de recursos humanos, negociação, tomada de decisões, comunicação eficaz e liderança. “Todas as temáticas foram pensadas sobre o que é um olhar propositivo para com aquilo que entendemos como circunstâncias a serem operacionalizadas em favor dos contextos educacionais. São pautas acertadas com o contexto, de grande relevância e, principalmente, que entusiasmam para novos olhares para as especificidades dos fazeres escolares e institucionais nesse conjunto de educandários que somos. Vamos ao encontro do desenvolvimento das nossas escolas a partir daquilo que também é ponto do Planejamento Estratégico da Rede Sinodal de Educação: a sustentabilidade, a inovação, a excelência dos processos que desenvolvemos nas nossas instituições e também a evolução das nossas escolas”, acrescenta Rückert.
O diretor executivo agradece o voto de confiança para uma primeira oferta de Formação Executiva, de um trabalho com design diferente, mas com grande engajamento de todos. “Agradecimento às direções das nossas escolas, que entenderam a proposta e que, sobremaneira, preparam seus orçamentos no sentido de viabilizar a participação de colegas nessa transformação que queremos propor para o conjunto das nossas instituições e naquilo que são os fazeres educacionais vinculados à Rede Sinodal”, conclui, adiantando que a sequência da formação será levada para o contexto do diálogo como uma proposta assertiva e que pode ter continuidade.
Avaliação e reputação
Na manhã de sexta-feira o geógrafo, professor e pesquisador José Rigoni Jr., que é o introdutor do modelo de avaliação por nota real no Brasil e conta com experiência em sistemas de avaliação em escolas nos Emirados Árabes, na Espanha e no Reino Unido, além de assessorar as escolas com os melhores desempenhos no país, conversou com os coordenadores sobre o tema “Avaliação por nota real e a reputação acadêmica em escolas de Educação Básica”.
A explanação esteve muito centrada em questões como empenho e desempenho dos estudantes, competência e reputação, além de apresentar um contexto histórico do crescimento populacional brasileiro e da evolução do processo de formação dos docentes. “Nós precisamos entregar os melhores à sociedade. Se os gestores, professores e coordenadores não vivem no mundo real da observação do que ocorre com o estudante, ele incorre em práticas que levam somente à autoproteção e segurança psicológica, e não na melhor prática educacional para o aluno. A nota do estudante é uma percepção e síntese de valor, o modo mais sintético de representação. A metodologia de ensino pode refletir em resultados de aprendizado, mas a estrutura avaliativa deve demonstrar as diferenças e não as igualdades. É muito comum olhar a média de avaliação, o que é traiçoeiro”, afirmou.
Rigoni propôs a reflexão sobre valores. “Se as notas não são um valor real, o que será um valor real dentro da escolarização? Se a avaliação interna é ruim, o resultado no Enem, por exemplo, está enganando. O problema é que as notas dentro da escola deixaram de ser um valor real, na grande maioria das escolas nota é uma ferramenta de negociação social. No primeiro ciclo, Fundamental I, por exemplo, as notas são tão altas que não representam nada a não ser um ‘boletim de cristaleira’. Notas homogêneas para população heterogênea estão distantes da realidade. A média engloba o maior número de pessoas, mas haverá quem está fora da média e existirá o conhecido desvio padrão. Se o aluno tem a certeza de que a aprovação é constante e continuada, qual será sua dedicação ao grau de desempenho e aprendizado?”, questionou.
Inovação
Relacionado ao tema já trabalhado no dia anterior, o especialista em Educação e Coordenação Pedagógica, doutor em Criatividade e mestre em Engenharia de Produção, Daniel Quintana Sperb, realizou o “Workshop Ecossistemas Educacionais – desafios para a inovação aberta”, dirigido às lideranças administrativas.
Com uma abordagem mais voltada à gestão e administração das instituições de ensino, ele trouxe indicadores, frisou o valor da marca e da reputação. “A gestão de marca está diretamente relacionada com reputação, que por sua vez possui sete pilares: produto; inovação; ambiente, o clima organizacional; governança; cidadania, o entorno social; lideranças; e desempenho financeiro. No segmento educacional, a inovação é uma oportunidade gigantesca. Na Rede Sinodal de Educação, por exemplo, a marca é algo muito forte, com a tradição associada à inovação como um grande diferencial que deve ser enaltecido”, afirmou Sperb.
TEXTO – Leandro Augusto Hamester
CRÉDITO DAS FOTOS – Leandro Augusto Hamester